A
grande maioria da produção científica em saúde é absolutamente fútil.
A neurose curricular, já discutida
neste blog (Currículo Adicto), gera a publicação de infindáveis artigos com pouquíssima,
ou nenhuma relevância científica. “Publicar por
publicar” tornou-se
uma praxe no meio médico.
A
quantidade tornou-se mais importante que a qualidade na produção científica.
Sociedades de especialidades médicas felizes,
divulgando, aos quatro ventos, que tiveram mais de quinhentos trabalhos
inscritos no último congresso.
Destes, pouquíssimos são relevantes. Será
que realmente vale a pena valorizar o “publicar
por publicar” na
medicina?
Outro
fator preocupante é a
gigantesca influência da indústria farmacêutica
nesta seara da produção científica em saúde. Influência esta, muitas vezes voltada para o lucro e não para os pacientes. As medicações mais pesquisadas são
para uso crônico,
utilizadas por pessoas que podem pagar e em doenças
que não matam agudamente. Depressão,
déficit de atenção,
dislipidemia e hipertensão são alguns exemplos. Ao contrário
das doenças dos pobres,
como por exemplo, malária, tuberculose
e dengue.
Alguns
valorizam o estudo e o empenho do autor na confecção
do trabalho ou pôster, o que
realmente é louvável. Na minha opinião,
o coordenador da equipe ou os membros mais experientes, deveriam estimular
trabalhos e projetos realmente úteis para o
dia-a-dia do profissional e da instituição.
A publicação de relatos
de casos deveria ser unificada em um banco de dados único, mundial e regionalizado, para realmente possuir algum
poder científico e
epidemiológico.
Os
sites que compilam os trabalhos, realmente significantes, da literatura médica tornaram-se indispensáveis.
Valorizo aqueles que gostam de atualização
científica constante e chegam a ser até obsessivos compulsivos neste assunto. Sem eles, não separaríamos o joio
do trigo.
Quem
nunca teve um monte de artigos científicos
para serem lidos? Tenho um colega que, percebendo a montanha dos “não lidos” crescendo desproporcionalmente a dos “lidos”, resolveu o
problema de forma simples e objetiva: parou de ler artigo científico. Estuda em livros e em sites confiáveis de compilação
científica. Considero uma boa alternativa, principalmente para
acadêmicos e residentes.
Na
minha curta carreira como médico, já vi alguns remédios
e procedimentos irem do céu ao inferno
em um curto espaço de tempo. As
mesmas revistas e sociedades que louvam, apedrejam em questão de meses. Todos sabemos que a verdade em medicina é muito lábil. O que é certo hoje poderá
ser massacrado no futuro próximo. Seguir
os últimos artigos, sem crítica,
é garantia de erro. Como já
dizia Paulinho da Viola na sua consagrada canção,
Argumento: "Sem preconceito ou mania de passado, sem querer ficar do lado de quem não quer navegar. Faça como o
velho marinheiro, que durante o nevoeiro, leva o barco devagar."
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