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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Humanização dos Animais: Estamos Exagerando?

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        O mercado de pets é um dos mais promissores no Brasil. Em 2020, houve um faturamento de aproximadamente 40,1 bilhões de reais girando no mercado de bichinhos de estimação. Alimentação especial, banhos, hotelaria, atendimento veterinário, estética, dentre outros. A expectativa é de um grande crescimento nos próximos anos. Indiscutivelmente, o brasileiro (e o mundo) vem gastando mais e mais com seus bichinhos. O amor pelos animais vem ganhando proporções nunca antes imaginadas, assim como os gastos com eles! Inúmeros animais são infinitamente mais bem tratados que muitos humanos e não me refiro a luxos, e sim, ao básico mesmo.  Compreendo e vejo casos de reabilitações psicológicas surpreendentes através da convivência com os animais, isto é inquestionável, pode e deve ser utilizado… mas será que não estamos exagerando nessa verdadeira humanização dos nossos pets?

Segundo o Instituto Trata Brasil (http://www.tratabrasil.org.br/pt/), seriam necessários 552,1 bilhões de reais para o saneamento básico universal do Brasil (água potável, tratamento de esgoto e coleta de lixo). Em 2019, foram gastos 15,7 bilhões de reais com saneamento básico no nosso país (menos da metade dos gastos no setor de pets). O impacto do saneamento básico para todos e, consequentemente para nossa economia, seria inúmeras vezes superior a este valor em termos de prevenção de doenças, produtividade profissional, turismo, valorização imobiliária e qualidade de vida. Hipoteticamente, se pegássemos o dinheiro gasto hoje no Brasil com pets e o alocássemos em saneamento universal, em 14 anos, o problema estaria resolvido por aqui! Cuidar das pessoas também é fundamental! 

Os pets são carinhosos, fiéis e nos fazem companhia, ou seja, nos fazem bem, isto é inquestionável. Não sou contra tê-los. O pet não reclama, não coloca seu ponto de vista, não discorda de você, geralmente te obedece, não cria grandes problemas e te recebe com carinho na chegada do trabalho. Não existe nada de errado em ter um pet, mas acho estranho um animal maltratado gerar muito mais compaixão e mobilização que um ser humano em condições bem piores. 

Ao se falar em humanização das relações entre humanos, existe, no mínimo, um pleonasmo aí. A relação, por si só, já é humana, ou seja, complexa e difícil mesmo. O mundo está humanizando sua relação com os animais, mas desumanizando com os próprios humanos! Confuso, né? Na minha opinião, a prioridade é bem clara a favor dos humanos. 

Ah, então você quer que tenhamos humanos de estimação? Trazer um morador de rua para dentro da minha casa para que eu possa cuidar? Se você pensou nestas perguntas, abra sua cabeça… Apenas não comungo dessa humanização desproporcional dos animais enquanto existirem humanos em situações animais! Apenas isso. 

O apego desproporcional aos animais pode estar ocultando uma carência enorme de atenção e carinho entre os humanos! Claro que existem as exceções, mas estou achando tudo superlativo demais em relação aos animais! Gostar de bicho é fácil, quero ver é gostar de gente também! Somos complicados, difíceis, intolerantes e gananciosos; porém, se formos "domesticados", compreendidos e inseridos no ambiente, podemos ser extremamente…humanos! O ser humano também precisa de carinho e atenção, caso contrário, ele se afasta mesmo. Isto é um instinto animal! Finalizando, gaste uma parcela deste carinho, atenção e preocupação dos animais com os humanos à sua volta. Tenho certeza que o retorno será tão bom ou melhor que o conquistado junto aos animais! Vamos tentar? 





segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Pais "Varredores" - Uma analogia na criação dos filhos

 


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        O Curling é um esporte olímpico de origem escocesa datado do século XVI. À primeira vista, nem parece esporte, mas é! O objetivo principal é colocar o maior número possível de pedras arredondadas no alvo de uma pista de gelo. Após o lançamento, por um dos membros da equipe, os "varredores" entram em ação. Eles esfregam vassouras na frente da pedra para diminuir o atrito com a pista, aumentando a velocidade e também mudando a direção da pedra. 

        Conversando com meu primo, Rafael Silveira Gomes (a quem devo os créditos desta reflexão), gostaria de fazer uma analogia com a criação dos filhos e dos "varredores" do Curling… O excesso de zelo e a necessidade de evitar problemas e "atritos" ao longo da formação dos nossos filhos tem sido muito frequente. Muitos de nós somos os "varredores do curling" na vida dos nossos filhos… A intenção é boníssima, mas as consequências nem tanto. O excesso de proteção para evitar ou minimizar possíveis decepções e "agressões" do mundo lá fora podem atrapalhar mais do que ajudar. O motivo? Estamos criando uma geração que não aprende a se frustrar. Não encontram dificuldades e, portanto, não aprendem a superá-las ou enfrentá-las. Infelizmente, o "mundo lá fora" não é esse leitinho quente não. O mundo é cruel. Acredito que precisamos evitar os problemas, mas tão importante quanto isso é saber lidar com eles. 

        Ao invés de tentar abrir e proteger o caminho, que tal munir nossos filhos com ferramentas para lidarem com as situações adversas da vida, que certamente eles enfrentarão? Seja um luto, uma decepção amorosa, um "bullying", uma demissão, uma nota baixa ou uma falha, todos eles podem vir carregados de ensinamentos. A resistência e o aprendizado verdadeiro só surgem com a exposição, isto é uma verdade do mundo real que precisa ser passada para nossos filhos. O famoso "Skin in the game" ou colocar a pele em jogo, literalmente!

Paradoxalmente, o excesso de proteção cria filhos desprotegidos. Só aprende quem faz e quem vive. Sempre foi assim! Precisamos ensinar nossos filhos a lidarem com situações adversas, a reconhecerem as próprias emoções, utilizando-as de maneira adequada e respeitando a todos. Compreendo a dificuldade, mas, inicialmente, basta estar ao lado e querer ajudar.

        Breno, mas nem eu consigo comigo mesmo, como vou ensinar?! Pois é! Procure ajuda! Estude! E, o mais importante, pratique! Aceitar a falha e trabalhar sobre ela para ensinar o caminho adequado, sem julgamentos, sem grito, sem briga, sem punição, garantirá segurança a eles para dividirem conosco suas angústias, preocupações e problemas reais. Criando esta liberdade dentro de casa, certamente, nós os ajudaremos a ficarem "cascudos", resilientes e sem necessidade de ninguém para "varrer" o caminho deles!



domingo, 14 de novembro de 2021

Pode Não Ser Discriminação

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    A discriminação ainda é muito presente no nosso dia-a-dia, seja pela cor da pele, religião, orientação sexual, condição financeira, opinião política, dentre outras tantas. Desde que o mundo é mundo, a discriminação é o principal combustível para a desigualdade na nossa sociedade. Isto é indiscutível e precisa ser combatido mesmo! Olhando para trás, já melhoramos bastante em todos os sentidos. Claro que temos um caminho longo pela frente, mas o progresso é visível ao longo das últimas décadas.


Assim como a discriminação, a incompetência também é real, principalmente no ambiente profissional. Esta, ao contrário da primeira, segue crescendo nos últimos anos. Não possuir a capacidade de executar uma tarefa, às vezes, dentro da sua área de competência, tornou-se comum e, por incrível que pareça, aceitável! O mercado segue com um volume cada vez maior de mão de obra, porém, completamente desqualificada. Inúmeras vagas de emprego não são preenchidas por falta de qualificação dos candidatos. Isso é um fato! O mercado de trabalho está saturado de profissionais medíocres.


Após estas duas colocações, gostaria de trazer uma reflexão que pode ser de difícil digestão para muitos, mas é necessária. Assim como debridar (limpar) uma ferida incomoda, mas é preciso para melhorar… Nossa sociedade vem misturando as coisas. Muitos andam camuflando a incompetência com a discriminação. Já parou para pensar que independente da cor, da orientação sexual, da religião, do time de futebol, da condição financeira ou da opinião política, existem os incompetentes também? Parou para pensar que pode não ser discriminação e apenas falta de qualificação mesmo?


Arranjar um culpado sempre foi o caminho mais fácil para justificar nossos fracassos… isso é discriminação… o professor é mau… meu chefe não gosta de mim… o mercado não está bom… a lua está em confluência com Saturno… o governo é horroroso… já parou para pensar que você pode ser ruim mesmo? Que você não está preparado e o resultado é simplesmente um reflexo disso? Independente de fatores externos?


Reflita um pouco sobre isso. Sempre há espaço para melhorar e se aprimorar dentro da sua área de atuação. Sei que o acesso à formação, principalmente pública, vem sendo sucateado e é extremamente limitado. Isso é um fato. Sugiro que, ao invés de ficar arranjando desculpas ou culpados para os seus resultados, mude o seu jeito de se preparar para o jogo. Estude mais, leia mais, pare de reclamar, seja gentil, cuide-se primeiro (desacelere, alimentação saudável, sono suficiente e de qualidade, exercícios físicos regulares, educação financeira e qualidade dos relacionamentos), seja foda naquilo que você se propôs a fazer. Saiba que a competência pode ser um baita antídoto contra a discriminação.



domingo, 31 de outubro de 2021

O Médico Vendedor

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Mercantilizar a Medicina é uma ofensa para muita gente. Sinceramente, não me ofende e vou demonstrar minha visão sobre o assunto. Tudo que envolve venda de tempo é mercantil mesmo. Simples assim! Todos somos vendedores do nosso tempo. O que varia, e muito, é o valor pago por este tempo. Você é assalariado? Você vende seu tempo para a empresa onde você trabalha. Você é médico? Você vende seu tempo para resolver o problema do seu paciente. O médico, como qualquer profissional, precisa ganhar dinheiro para viver. Zero problema nisso, logo, somos vendedores sim!


Vamos avaliar a venda de uma forma adequada então? Sem preconceitos e desarmados? Vender não é "empurrar" qualquer coisa para o cliente e receber o dinheiro. Quem pensa assim, precisa aprender a vender, inclusive! Todos somos vendedores, sem exceção. A venda de qualquer serviço envolve as 8 etapas abaixo: 


  1. Preparação técnica, que pode demorar vários anos, para conseguir oferecer um serviço de qualidade, além da construção da sua imagem profissional.

  2. Conhecer o mercado e o seu cliente alvo. Lembrar que o mercado e o cliente mudam constantemente.

  3. Captar a atenção do potencial comprador do serviço ("lead", termo utilizado no mercado digital). Tradicionalmente, envolve a propaganda, nas suas mais diversas formas, tais como o boca-a-boca, as redes sociais, propagandas tradicionais etc...). Saiba que pagar para que as outras pessoas possam conhecer o seu serviço, principalmente no mundo digital, é uma estratégia que não deve ser menosprezada. Um dos objetivos do marketing é ser lembrado!

  4. Convencer o "lead" a comprar. Envolve seus resultados ao longo dos anos, além de técnicas de persuasão, gatilhos mentais e facilidades para o cliente.

  5. Entregar o serviço da melhor forma possível, preferencialmente, superando as expectativas do cliente. Todos os “Momentos da Verdade” (contatos do cliente com nossa equipe) precisam ser trabalhados. A venda de um serviço não executado adequadamente é o fim do relacionamento. 

  6. Conseguir o resultado proposto. O resultado final é fundamental para o sucesso da venda e para a fidelização do cliente. O cliente satisfeito geralmente volta a comprar, se torna um excelente auxiliar de vendas e, o melhor, gratuito! 

  7. Garantir o melhor pós venda possível! Oferecer todo o suporte necessário após a entrega do serviço. Escutar o seu cliente e a sua percepção sobre o serviço. Isso é poderoso! A criação de um relacionamento transparente e duradouro surge deste suporte. Aqui, abro uma consideração para a Medicina… 


Somos horrorosos no pós venda. Na verdade, poucos fazem. Exemplificando... Na maioria das vezes, não se cria um vínculo entre o cliente e o profissional; inclusive, muitos médicos evitam isso. O médico não faz a menor ideia de como o paciente evoluiu após sua conduta! O problema maior são nos plantões… Se gostou, se melhorou ou se morreu! A maioria não tem a menor ideia do que ocorre depois da consulta. O pós venda em saúde resume-se no interesse, na disponibilidade e na prestabilidade em resolver eventuais contratempos ou dúvidas do seu cliente após a consulta ou procedimento. O impacto é gigantesco, não só na percepção do cliente quanto no aprendizado do médico! O sistema de saúde e o médico precisam criar mecanismos para melhorar, e muito, a qualidade do pós venda em saúde.


  1. Aprimorar constantemente o seu serviço, além de criar novos para oferecer e perpetuar o relacionamento.


A venda envolve todas estas etapas. Nenhuma pode ser banalizada ou ignorada. A venda é o principal objetivo do marketing. Marketing não é propaganda. A propaganda é uma das ferramentas do marketing. Vender é... saber se relacionar com seu cliente, resolver um problema da melhor forma possível e ter humildade para continuar aprimorando o serviço sempre. Entender que clientes satisfeitos compram novamente, divulgam o seu serviço e perpetuam o seu negócio! E agora? Você ainda acha que não é um vendedor? Consegue enxergar estas etapas no seu dia-a-dia profissional? O que está esperando para começar?




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domingo, 24 de outubro de 2021

"Não é Minha Obrigação"

        Instagram: @prof.breno


            Exploração ou oportunidade? Gostaria de trazer esta reflexão para todos aqueles que são subordinados a alguém no trabalho. Frequentemente, escutamos esta frase ("Não é minha obrigação!") no ambiente corporativo. Geralmente, o emissor da frase se considera cheio de personalidade e não aceita ser explorado pelo superior ou pelo "sistema" (tenho um texto que fala sobre o "O Bendito Sistema"). Esta impressão pode ser verdadeira em algumas situações, mas sugiro a você um novo ângulo de visão desta situação. A "nova" obrigação não poderia ser encarada como uma oportunidade? 

"Não é minha obrigação" demonstra como uma pessoa se sairá profissionalmente no mercado de trabalho. Não defendo submissão ou passividade. Não sou a favor do silêncio ante a uma situação errada, de falta de respeito, de hierarquia burra… Sou contra a falta de proatividade responsável.


A proatividade responsável é uma das habilidades não técnicas mais valorizadas no mercado de trabalho. Chefes adoram funcionários proativos. Proatividade não é sinônimo de puxa-saco, submisso, bobo ou baba-ovo! Quem enxerga assim, não vai a lugar nenhum na carreira. Proatividade é fazer as coisas acontecerem, resolver problemas. O que o chefe enxerga como proativo, o colega enxerga como puxa-saco… O proativo “azeita” os processos para os superiores. Não precisa chegar mais cedo, mas se chegar e adiantar uma burocracia, por exemplo, ajuda muito. Não precisa ir trabalhar no final de semana, mas se houver necessidade, por que não? Não precisa treinar a equipe, mas se for para melhorar o dia-a-dia, por que não? Os benefícios da proatividade são infinitamente superiores à passividade burra. Lembrando que o "responsável" aí jamais pode ser esquecido. Jamais assuma responsabilidades daquilo que você não tem competência técnica para realizar. Isso é imperícia e pode levar a falhas catastróficas! A consciência das nossas limitações é uma virtude também.


Vou mostrar duas visões desta situação… Primeiro, ao fazer bem-feito uma nova atribuição, porque não tentar incorporá-la às suas competências e ser reconhecido e valorizado por isso? Você pode ser remunerado a mais, mas sei das dificuldades desta prática no mundo real. Segundo, e talvez o mais importante, você coloca um holofote em você, as pessoas passam a te enxergar dentro da instituição. Obviamente, quando surgir uma oportunidade de crescimento, a chance de você ser lembrado aumenta bastante. 

        O início de qualquer carreira passa por períodos de submissão mais intensa mesmo. Não é baixar a cabeça, obedecer cegamente, se subvalorizar ou não emitir sua opinião e sim, ter a possibilidade de estar próximo daqueles que já chegaram aonde você almeja chegar. A submissão consciente e feliz é parte indispensável do processo de crescimento profissional. Não precisamos e nem devemos ser o "quebra-galho" eterno, mas uma boa quantidade de proatividade responsável é indispensável para sua evolução profissional. 


Analise esta situação… Dois funcionários tecnicamente iguais, um que ajuda no dia-a-dia e entrega sempre mais ou o que só faz o que lhe é "obrigado"... Qual o chefe vai promover? Se você pensou no "puxa-saco", releia o texto novamente! Você ainda não entendeu nada!


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Final do Primeiro Tempo...

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O juiz apita o final do primeiro tempo! Eis que chegam os 45 anos! Sem pausa nem para uma água, começou o segundo tempo! A vida é assim mesmo, não tem intervalo. Não tenho nada a reclamar até aqui. Alegrias e dificuldades, me ensinaram algo importante para a continuidade do caminho. Os trupicões me deixaram mais alerta e calejado. As alegrias, o combustível para seguir em frente.


Tenho me identificado muito com uma frase impactante que vi em uma propaganda da Nike: "There is no finish line" - Não existe linha de chegada - ela resume bem o jeito que venho levando minha vida. Acredito que nossa vida exige muito mais constância no dia-a-dia que lampejos de metas cumpridas. Minha meta é seguir constante naquilo que acredito: auto-cuidado (físico, emocional e financeiro), família, gentileza, trabalho e não encher o saco de ninguém!


Um ano a mais de vida ou um ano a menos? Claro que é a mais! Sempre! Chego aos 45 anos com meu peso de 18 anos, próximo da minha 20a. Volta Internacional da Pampulha, jogando bola, Galo líder do Brasileirão e com chances reais de quebrar esse jejum morrinhento, trabalhando o suficiente e em condições espetaculares, duas filhas maravilhosas que me enchem de orgulho e uma esposa que me impulsiona sempre. O que mais eu poderia querer? Tempo! O maior tempo possível conseguindo viver isso! 


Levar minhas meninas ao clube em uma segunda-feira, ir ao estádio ver o Galo com meus amigos, jogar bola, ir trabalhar de Corsa 1996 achando graça e sem vergonha, jantar em casa com ela tomando um vinho e eu uma artesanal de qualidade, viajar pelo mundo com a Camila e transmitir bons exemplos para minhas filhas criarem asas fortes. Isso que desejo no segundo tempo da minha vida! Dinheiro? Continuar preocupado com o que gasto e não com o que eu ganho. Se serei substituído durante o segundo tempo, deixo a cargo do treinador, mas enquanto estiver no jogo, saibam que vou seguir na mesma toada do primeiro tempo! 


Seguirei me cuidando para conseguir cuidar da minha família e dos meus pacientes pelo maior tempo possível, mas sempre com qualidade! Nunca optei pela quantidade na minha vida. Os números que tenho são construídos ao longo dos anos, na jornada, de forma leve, natural, mas constante!


Que venham os próximos 45 com direito a acréscimos, mas que sejam sempre assim: leves, recheados de tranquilidade, saúde, família e trabalho!


terça-feira, 5 de outubro de 2021

Cada Dia Mais Próximo do Último Encontro

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Ao fazermos uma viagem internacional no início do nosso namoro, Camila e eu nos desentendemos por algum motivo que nem lembro mais. Aquele desencontro, nos serviu de lição para o resto de nossas vidas. Raramente brigamos, mas acontece. Naquela situação, especificamente, para quebrar o gelo e conversarmos, mandei um "fica muito caro brigar em euro… vamos fazer as pazes e curtir a viagem?" Aquilo foi uma virada de chave para nós… Nos comprometemos a não dormirmos brigados ou desentendidos dali para frente. Não vale a pena...


Você já parou para pensar que pode ser a última vez? No mínimo, um dia mais próximo do último encontro. A viagem é a nossa vida, ou seja, curta e cara demais para perder tempo com picuinhas e brigas com quem amamos. 


Discuta, brigue, mas com tempo para acabar! E que seja breve! Não transforme opiniões em muros. Aprenda a enxergar o ponto de vista do outro e a respeitá-lo, sem julgamentos. Já dizia o filósofo Jiddu Krishnamurti (1895-1986): "Observar sem avaliar é a forma mais elevada de inteligência humana". Cada um é dono da sua própria vida, das suas opiniões e das consequências das suas decisões, mais ninguém! Não sou contra discussões, já mudei muito desta forma, mas sou contra a tentativa de imposição de convicções, seja com argumentos frágeis ou pela insistência. Caso uma discussão pare de progredir, comece a girar no mesmo lugar, pare a discussão, simples assim. Passe a página. Não desperdice tempo, pois você estará cada dia mais próximo do último encontro.


Em tempos de polarizações extremas em todos os assuntos, estamos vivenciando desentendimentos familiares absolutamente fúteis, sem nenhum embasamento confiável, às vezes, para nenhum dos dois lados. Julgar uma pessoa pelas suas convicções, me parece, no mínimo, imprudente. Não desperdice este tempo valioso junto. Desarme-se! Observe, sem julgar! Peça desculpas, mesmo estando certo! Abra mão de algumas convicções em prol do sossego! Sorria, elogie, faça a leveza dos seus ambientes! No futuro, você sentirá falta deste tempo desperdiçado ao lado de quem você ama. O tempo não pára e nem da ré!


A reflexão fez algum sentido para você? Compartilhe!



sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Você Cria ou Resolve Problemas?

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Qual dos dois é mais valorizado no mercado?

Qual é mais feliz?

Qual ganha mais dinheiro?

Qual você efetivamente é?


    O Criador de Problemas é infeliz. Cria problema onde não existe. Considera o mundo injusto com seu potencial, geralmente imaginário. Vive reclamando e arranjando um culpado. Empurra a solução para os outros. Finge que não é com ele: “Não é minha obrigação!”. Acha que ninguém o entende, mas não faz nenhuma força para se fazer entender. Considera as outras pessoas incapazes. Sofre na tristeza e na alegria. O seu hobby é estragar o prazer dos outros. Avacalha o ambiente de trabalho e não se toca. Gosta de ver o circo pegando fogo e, assentado, sempre diz:“Não falei?!”


    O Resolvedor de Problemas atrai boas pessoas e cria bons ambientes familiares e profissionais. Ganha dinheiro. Sabe que o problema não é com ele, mas é dele também. Aponta o problema e propõe a solução. Só sossega quando está resolvido. Caça problemas para resolvê-los, não cultivá-los. Ao ver o circo pegando fogo, corre para ajudar a apagá-lo. Respeita a todos e sabe que as virtudes se complementam. 


    Potencial sem execução é nada. Supervalorização de potencial é mania de quem não faz. Encontre os problemas e elimine-os ao invés de os alimentar. A proatividade com responsabilidade, assim como a atitude positiva, são habilidades não técnicas indispensáveis para se destacar, mesmo sem ser um gênio!


    Comente aí embaixo com qual deles você se identifica e encaminhe para um amigo que irá gostar de ler!




quinta-feira, 8 de julho de 2021

Não Existe Medicina Humanizada...

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Sempre me incomodei com o termo "Humanizar a Medicina"... um pleonasmo "figura de livro" na minha opinião. O Prof. Savassi soltou esta pérola acima há exatos 21 anos!


Compaixão, hostilidade, amor, raiva, gratidão, tristeza, alegria, ganância, humor, ódio, paciência, impaciência… todos são sentimentos e comportamentos humanos. Somos assim e precisamos aprender a controlá-los. Atualmente, nada mais humano que a intolerância, por exemplo. Os comportamentos humanos definitivamente não se restringem aos bons.


Humanizar é dar atenção, escutar pacientemente, desenvolver a empatia, mas também pode ser menosprezar, por exemplo. Todos juntos e misturados, viemos assim de fábrica!


Tornar a Medicina mais humana é impossível. A Medicina é o retrato do ser humano, fiel e escancarado. Não precisa de rótulos, precisa de atitudes dignas da responsabilidade que temos nas mãos, a começar pelo respeito que todo ser humano merece.


Precisamos aprender a adestrar nossos sentimentos e comportamentos e ajudar os outros a identificarem o que realmente importa para o paciente. Muitos não conseguem enxergar ainda o que realmente importa. Precisamos mostrar nas faculdades, residências e no dia-a-dia… a melhor forma, na minha opinião, é o exemplo!


Você está sendo um humano bom?


Não existe Medicina humanizada, existe Medicina boa e ruim. Medicina humanizada, água molhada, fogo quente, açúcar doce… são exemplos de pleonasmo. Bem assim...







domingo, 13 de junho de 2021

Âncora ou Impulsor? O Poder do seu Parceiro(a) na sua Carreira

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A escolha do seu parceiro(a) de vida é um fator preponderante para a sua alta performance profissional. O seu parceiro(a) pode te ancorar ou te impulsionar. A boa notícia é que uma relação baseada no diálogo, no respeito e, principalmente, no amor, pode transformar uma âncora em um impulsor.



"Se for para ganhar isso, eu te pago para você ficar em casa..."

    

        Um relacionamento saudável gera sonhos comuns, mas permite e apoia os sonhos individuais. Ninguém deve "podar" ou menosprezar os sonhos individuais de ninguém. Abrir mão de sonhos pode custar caro, com arrependimento, rancor e raiva no futuro. O argumento financeiro é importante, mas não pode e não deve suprimir sonhos; no máximo, adiá-los. Colocar prazos e permiti-los é fundamental. Apoie as escolhas do parceiro(a), mesmo ciente dos riscos. Existem escolhas que certamente não darão certo, mas servem de aprendizado. Permitir estas escolhas é crescer junto! Ah, e nada de "eu avisei!"... se não deu certo, segue o jogo! Simples assim!


        "Lugar de mulher é em casa!"


        O homem como único provedor da casa já é coisa do passado. As mulheres estão assumindo, cada vez mais, um papel de destaque no mercado de trabalho. Atualmente, o mercado da medicina já está em processo de transformação. Desde 2009, o número de médicas formadas anualmente é superior ao de médicos. Em poucos anos, teremos mais médicas que médicos no Brasil. A adaptação a esta nova realidade é imprescindível e urgente. A maternidade tem sido uma âncora profissional para inúmeras mulheres desde os tempos mais remotos. Atualmente, iniciativas muito bacanas (como o "Maternidade nas Empresas" - @maternidadenasempresas) vêm ajudando a quebrar estes paradigmas. As virtudes desenvolvidas pelas mulheres ao longo da maternidade são extremamente úteis e necessárias no mercado de trabalho. A maternidade exige uma valorização proporcional à grande transformação do trabalho médico (e dos outros também) que ela proporcionará. 


"Mas você não faz nada! Tem babá, empregada… se quiser, pode ir trabalhar que eu fico em casa… Pare de reclamar de barriga cheia!"


A pandemia escancarou a dificuldade dos ditos trabalhos domésticos e, principalmente, da dificuldade de cuidar das crianças e da casa. É um trabalho real sim, mais exaustivo que a grande maioria dos trabalhos ditos tradicionais. O parceiro(a) que se dispõe a ficar em casa merece muito respeito e descanso também. Conciliar a vida pessoal e profissional, sem prejudicar nenhuma das duas, exige parceria e cumplicidade. Coloque disposição e atitude de ajudar seu parceiro(a) com a "mão na massa"... Você tomará um banho de empatia e, principalmente, de compaixão para o dia-a-dia.

        "Eu ganho e ele(a) gasta!"


Parceiro(a) gastador pode boicotar o planejamento financeiro do casal, mantendo o ciclo vicioso do "ganhar para pagar as contas", sem investimentos ou visão de longo prazo. Conversem sobre dinheiro abertamente. Estipulem os gastos individuais com futilidades, por exemplo, dentro do planejamento do casal. Sempre discutam os grandes gastos. A consciência financeira só vem com conhecimento real da situação e dos planos futuros.



Resumindo…


* Alinhe os sonhos comuns; 

* Permita e ajude a realizar os sonhos individuais. Não encher o saco já é o começo; 

* Converse sobre dinheiro abertamente;

* Nunca menospreze o trabalho doméstico;

* Ajude com as crianças, sempre;

* Permita um tempo de descanso para o seu parceiro(a). Livre de crianças ou de serviços domésticos. No mínimo, semanalmente;

        * Lembre-se sempre… "Happy Wife, Happy Life!" - sua vida só será plena se a pessoa que você ama estiver bem também! Ajude e permita-se ser ajudado.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Não Justifique suas Dificuldades com a Facilidade dos Outros

 No Instagram: @prof.breno


    Se eu tivesse pai médico igual ele, as coisas seriam diferentes... 

    Chegou onde chegou porque a família é rica…

    É magro porque pode fazer exercício todos os dias…

    Almoça em casa porque já tá com o burro na sombra…

    Ele fala assim porque só atende particular, quero ver atender SUS…


    Pois bem… todos nós temos nossas vidas, nossos problemas, nossos dilemas e dificuldades. Todos, sem exceção. O que é um drama para mim pode ser uma banalidade para o outro e vice-versa. Não julgue, você não viveu o que o outro viveu. Existem tantas variáveis pelo caminho que o desfecho final torna-se impossível de se prever.


    O grande segredo é se preocupar com sua vida, sem usar a vida dos outros como baliza. Viva sua vida de acordo com o que acontece com você. Evite comparações. Compare-se apenas com você mesmo. Encare sua realidade de frente, sem justificá-las com a facilidade das outras pessoas. A sua vida é assim? Paciência! O problema é seu, de mais ninguém! Que tal parar de sofrer e passar a agir? O que você está fazendo para melhorá-la? Não precisa ser uma mudança radical, mas pequenas mudanças com tempo e consistência podem trazer repercussões enormes no futuro. Lembre-se, o futuro começa com suas atitudes hoje.


    Não coloque metas. Elas te limitam. Defina o jeito como você vai trilhar o caminho, garanto que é bem mais proveitoso e eficiente. Vá sem pressa, mas não pare. A pressa em atingir um objetivo final te impedirá de enxergar as milhares de "chegadas" ao longo do percurso. 


    A escolha de como você irá construir sua carreira é somente sua… 


    Você pode ir reclamando ou aprendendo e aprimorando.

    Você pode ir sendo gentil ou grosso.

    Você pode ir ajudando os outros ou desprezando.

    Você pode ir se cuidando ou se desleixando.

    Você pode ir aproveitando ou fissurado apenas na chegada.

    Você pode ir se comparando com os outros ou fazendo o seu melhor.


    Finalizando, te pergunto novamente, o que você fez hoje para melhorar o seu amanhã?








sexta-feira, 19 de março de 2021

Jan por Breno*

Instagram: @prof.breno
*publicado com anuência da família

    Sexta feira, 14 de fevereiro de 2020, recebi em meu consultório um senhor de 80 anos, grisalho, alto, holandês, radicado no Brasil há 50 anos. Seminarista, veio ao Brasil para fundar o Colégio Padre Eustáquio, mas foi "fisgado" por Ana. Abandonou a ideia do celibato e entregou-se de corpo e alma, literalmente, ao amor. Casou e teve três filhas. A conversa expôs um senhor extremamente dedicado à família, querido por todos à sua volta. Na consulta, estavam ele, Ana, Márcia (uma de suas filhas e a única em BH) e Flávio (seu genro, casado com Fernanda e morando em SP), todos extremamente preocupados com ele.
    
    Jan não reclamava e aceitava todas as condutas, não passivamente, mas confiante em nós, médicos. Escutava e seguia o que Ana e as filhas lhe pediam, não por submissão, mas por amor. Há 1 ano e alguns meses, vinha fazendo um tratamento para uma doença hereditária grave. Imunossupressores, perda de peso e, principalmente, de qualidade de vida.

    No meio da consulta, ele me disse que já estava desanimado e entregando os pontos. Ana e Márcia começaram a chorar. Não estava vendo sentido na vida daquela maneira. Lembrei da sua procedência e, com um otimismo realista que faço questão de ter com todos os meus pacientes, disse a ele: “De jeito nenhum, ainda tenho que tomar umas Heinekens com o Sr.!” - para quem não entendeu, a Heineken é holandesa também! 

    Naquele momento, o homem triste e cabisbaixo me olhou nos olhos, virou-se, olhou para a Ana (ela estava em uma cadeira atrás dele) e me perguntou: “Eu posso tomar uma Heineken?”. “Claro! Ainda mais se for com o seu médico!” - respondi. “Tem 1 ano e 36 dias que não tomo uma Heineken”. Na verdade, Jan sempre foi cervejeiro e, quando viajava para a Holanda para encontrar os irmãos, caprichava “de com força”. Frequentemente, tomava duas long-necks da cerveja da garrafa verde, mas, após o início do tratamento pesado, havia sido aconselhado a parar. 

    Gostaria de lembrar que não critico, nem julgo, a conduta dos colegas, mas naquele momento e naquela situação, a cerveja, ainda mais que em doses mínimas, seria o menor dos problemas. Ah! E não suspendi as medicações do tratamento. Ao final da consulta, combinei com ele de tomar uma Heineken no buteco “dele”. Assim fizemos e ali nascia uma relação bem maior do que a de médico e paciente.

Sexta de Carnaval 2020

    Em cada encontro, um aprendizado sobre família. Todos os anos, ele pedia o mesmo presente de aniversário: fotos atualizadas dos netos para colocar em frente à sua mesa de trabalho. Apenas isso ou melhor, tudo isso! A cumplicidade dele com Ana e suas meninas (Márcia, Ana Carolina e Fernanda) dava gosto de ver. Seus olhos brilhavam ao olhar para qualquer uma das suas 4 mulheres!

    O ano de 2020 foi complicado pela pandemia, mas conseguimos, com muito esforço, manter o mínimo de qualidade de vida para ele. Apesar das dores, foi à praia, curtiu a família e tomou suas Heinekens. Em agosto, fiz uma receita para ele que foi emoldurada! Virou o seu xodó!

Minha Receita Emoldurada!

Na Sala, ao lado das fotos dos netos!


    Pouco menos de um ano após a primeira consulta, fui visitá-lo em casa, dia 08 de fevereiro de 2021. Jan estava bem, seria apenas uma consulta de controle e para pôr a prosa em dia. Após muitas risadas, como sempre, me perguntou se era possível ficar em casa, caso piorasse. Ele não queria ir para o hospital. A doença era muito grave e, realmente, sem muita perspectiva de melhora. Combinamos de tentar mantê-lo em casa. O mais interessante desta visita é que ele estava bem e super tranquilo, mas, certamente, já percebendo algo diferente.
  
    Exatos 3 dias depois, na quinta-feira, dia 11 de fevereiro, começou a apresentar uma piora importante do quadro. Assim como havíamos combinado, fizemos de tudo para mantê-lo em casa e conseguimos. Dia 25 de fevereiro, já mais debilitado, ainda recebi uma foto tradicional dele com sua Heineken! No dia primeiro de março de 2021, ele partiu, de forma serena, linda e do jeito que ele pediu, perto das suas 4 mulheres, na sua cama.

    Após 20 anos de formado em Medicina, entendo perfeitamente o que meus melhores professores, incluindo o principal deles (meu pai) sempre fizeram: tornavam-se amigos dos seus pacientes. Uma consulta se torna uma boa conversa, uma fábrica de aprendizado. O tratamento torna-se único para aquele paciente. Na minha última visita, ele me perguntou: “Dentre todos os remédios que venho tomando ultimamente (e não eram poucos), qual você acha que é o mais eficiente?”. E aí? Vocês têm alguma dúvida da resposta? Uma dica: o remédio vem em frasco verde!



Em tempo, um agradecimento especial ao Auler, Gisela e Zanini que me ajudaram, de forma brilhante, a conduzir o caso do meu amigo Jan.


Instagram: @prof.breno