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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Humanização dos Animais: Estamos Exagerando?

 @prof.breno no Instagram



        O mercado de pets é um dos mais promissores no Brasil. Em 2020, houve um faturamento de aproximadamente 40,1 bilhões de reais girando no mercado de bichinhos de estimação. Alimentação especial, banhos, hotelaria, atendimento veterinário, estética, dentre outros. A expectativa é de um grande crescimento nos próximos anos. Indiscutivelmente, o brasileiro (e o mundo) vem gastando mais e mais com seus bichinhos. O amor pelos animais vem ganhando proporções nunca antes imaginadas, assim como os gastos com eles! Inúmeros animais são infinitamente mais bem tratados que muitos humanos e não me refiro a luxos, e sim, ao básico mesmo.  Compreendo e vejo casos de reabilitações psicológicas surpreendentes através da convivência com os animais, isto é inquestionável, pode e deve ser utilizado… mas será que não estamos exagerando nessa verdadeira humanização dos nossos pets?

Segundo o Instituto Trata Brasil (http://www.tratabrasil.org.br/pt/), seriam necessários 552,1 bilhões de reais para o saneamento básico universal do Brasil (água potável, tratamento de esgoto e coleta de lixo). Em 2019, foram gastos 15,7 bilhões de reais com saneamento básico no nosso país (menos da metade dos gastos no setor de pets). O impacto do saneamento básico para todos e, consequentemente para nossa economia, seria inúmeras vezes superior a este valor em termos de prevenção de doenças, produtividade profissional, turismo, valorização imobiliária e qualidade de vida. Hipoteticamente, se pegássemos o dinheiro gasto hoje no Brasil com pets e o alocássemos em saneamento universal, em 14 anos, o problema estaria resolvido por aqui! Cuidar das pessoas também é fundamental! 

Os pets são carinhosos, fiéis e nos fazem companhia, ou seja, nos fazem bem, isto é inquestionável. Não sou contra tê-los. O pet não reclama, não coloca seu ponto de vista, não discorda de você, geralmente te obedece, não cria grandes problemas e te recebe com carinho na chegada do trabalho. Não existe nada de errado em ter um pet, mas acho estranho um animal maltratado gerar muito mais compaixão e mobilização que um ser humano em condições bem piores. 

Ao se falar em humanização das relações entre humanos, existe, no mínimo, um pleonasmo aí. A relação, por si só, já é humana, ou seja, complexa e difícil mesmo. O mundo está humanizando sua relação com os animais, mas desumanizando com os próprios humanos! Confuso, né? Na minha opinião, a prioridade é bem clara a favor dos humanos. 

Ah, então você quer que tenhamos humanos de estimação? Trazer um morador de rua para dentro da minha casa para que eu possa cuidar? Se você pensou nestas perguntas, abra sua cabeça… Apenas não comungo dessa humanização desproporcional dos animais enquanto existirem humanos em situações animais! Apenas isso. 

O apego desproporcional aos animais pode estar ocultando uma carência enorme de atenção e carinho entre os humanos! Claro que existem as exceções, mas estou achando tudo superlativo demais em relação aos animais! Gostar de bicho é fácil, quero ver é gostar de gente também! Somos complicados, difíceis, intolerantes e gananciosos; porém, se formos "domesticados", compreendidos e inseridos no ambiente, podemos ser extremamente…humanos! O ser humano também precisa de carinho e atenção, caso contrário, ele se afasta mesmo. Isto é um instinto animal! Finalizando, gaste uma parcela deste carinho, atenção e preocupação dos animais com os humanos à sua volta. Tenho certeza que o retorno será tão bom ou melhor que o conquistado junto aos animais! Vamos tentar? 





segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Pais "Varredores" - Uma analogia na criação dos filhos

 


@prof.breno no Instagram

        O Curling é um esporte olímpico de origem escocesa datado do século XVI. À primeira vista, nem parece esporte, mas é! O objetivo principal é colocar o maior número possível de pedras arredondadas no alvo de uma pista de gelo. Após o lançamento, por um dos membros da equipe, os "varredores" entram em ação. Eles esfregam vassouras na frente da pedra para diminuir o atrito com a pista, aumentando a velocidade e também mudando a direção da pedra. 

        Conversando com meu primo, Rafael Silveira Gomes (a quem devo os créditos desta reflexão), gostaria de fazer uma analogia com a criação dos filhos e dos "varredores" do Curling… O excesso de zelo e a necessidade de evitar problemas e "atritos" ao longo da formação dos nossos filhos tem sido muito frequente. Muitos de nós somos os "varredores do curling" na vida dos nossos filhos… A intenção é boníssima, mas as consequências nem tanto. O excesso de proteção para evitar ou minimizar possíveis decepções e "agressões" do mundo lá fora podem atrapalhar mais do que ajudar. O motivo? Estamos criando uma geração que não aprende a se frustrar. Não encontram dificuldades e, portanto, não aprendem a superá-las ou enfrentá-las. Infelizmente, o "mundo lá fora" não é esse leitinho quente não. O mundo é cruel. Acredito que precisamos evitar os problemas, mas tão importante quanto isso é saber lidar com eles. 

        Ao invés de tentar abrir e proteger o caminho, que tal munir nossos filhos com ferramentas para lidarem com as situações adversas da vida, que certamente eles enfrentarão? Seja um luto, uma decepção amorosa, um "bullying", uma demissão, uma nota baixa ou uma falha, todos eles podem vir carregados de ensinamentos. A resistência e o aprendizado verdadeiro só surgem com a exposição, isto é uma verdade do mundo real que precisa ser passada para nossos filhos. O famoso "Skin in the game" ou colocar a pele em jogo, literalmente!

Paradoxalmente, o excesso de proteção cria filhos desprotegidos. Só aprende quem faz e quem vive. Sempre foi assim! Precisamos ensinar nossos filhos a lidarem com situações adversas, a reconhecerem as próprias emoções, utilizando-as de maneira adequada e respeitando a todos. Compreendo a dificuldade, mas, inicialmente, basta estar ao lado e querer ajudar.

        Breno, mas nem eu consigo comigo mesmo, como vou ensinar?! Pois é! Procure ajuda! Estude! E, o mais importante, pratique! Aceitar a falha e trabalhar sobre ela para ensinar o caminho adequado, sem julgamentos, sem grito, sem briga, sem punição, garantirá segurança a eles para dividirem conosco suas angústias, preocupações e problemas reais. Criando esta liberdade dentro de casa, certamente, nós os ajudaremos a ficarem "cascudos", resilientes e sem necessidade de ninguém para "varrer" o caminho deles!