A clínica médica vem retomando sua força dentro da medicina.
A especialização é necessária e indispensável; porém, sua banalização tornou-se
cara e insustentável para o sistema de saúde. O usuário possui vários médicos
especialistas, mas segue sem “dono”. Passou a ter um plano de saúde e não um
médico. Isso é muito arriscado e caro.
Na economia atual, onde se busca qualidade a um preço
acessível, o Bom Clínico resurge como a melhor alternativa para a
sustentabilidade do sistema, em qualquer nível, seja ambulatorial ou
hospitalar.
Mas o que seria um Bom Clínico? Para mim, é aquele médico
inquieto, medroso, avesso a rotina, estudioso, empático, ciente dos seus
limites, resolutivo e com uma boa formação. No Brasil, as boas universidades,
as residências credenciadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e as
especializações reconhecidas pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica são as
melhores opções na formação adequada do Bom Clínico.
Lembre-se de que o Bom Clínico consegue resolver de 70 a 80%
dos problemas de saúde dos seus clientes. Lança mão do que é mais simples e
eficaz na medicina moderna, apesar de toda a tecnologia disponível no século
XXI: uma boa anamnese e um exame clínico minucioso. O Bom Clínico pode pedir poucos
exames, mas bem solicitados e embasados no quadro clínico individualizado do
paciente, ao invés de abusar de uma propedêutica extensa e sem significado,
fundamentada na falsa proteção do médico e na “vontade” sem justificativa do
cliente “bem informado”. Gostaria de enfatizar que existem excelentes Clínicos
especialistas também e estes, não raro, são referências em suas áreas.
Concordo plenamente com o MEC sobre a obrigatoriedade da
Clínica Médica como pré-requisito para qualquer especialidade clínica.
Especialistas sem uma formação mínima de Clínica Médica certamente serão muito
mais caros para o sistema e perigosos para os pacientes. É claro, existem
exceções.
O profissional que possui uma visão global da situação e do
sistema em que está inserido, atualmente, é o mais valorizado no mercado de
trabalho, não só na medicina. O Bom Clínico tornou-se um excelente investimento
para planos de saúde e hospitais. Felizmente, voltou a figurar como “sonho de
consumo” dos usuários do sistema de saúde.
Na medicina preventiva, o Bom Clínico é o cerne do sistema.
Resolve a maioria dos casos e encaminha com sensatez e maior precisão ao
especialista. Economiza dinheiro utilizando atenção e cumplicidade com o seus
clientes.
No âmbito hospitalar, o Bom Clínico aparece como peça
indispensável no controle da qualidade do serviço e da segurança dos pacientes.
Os mais avançados hospitais do mundo possuem equipes de Clínica Médica
(Medicina Interna ou Hospitalistas) fortes e atuantes, sinal de eficiência com
economia. A Clínica Médica é o lubrificante das engrenagens das instituições
hospitalares, promovendo uma continuidade do cuidado e criando uma referência
para o paciente e seus familiares. Centraliza as informações, facilitando o
entendimento das condutas e evoluções pelos pacientes e familiares.
Analisando a situação sob as várias visões – do paciente, do
médico, da enfermagem, dos familiares e dos gestores –, o Bom
Clínico, indiscutivelmente, é a melhor alternativa. Assim como em todas as
frentes – ambulatorial, urgência e internação.
Infelizmente, sabemos que esta não é a realidade da maioria
dos Clínicos brasileiros. Sucateados e mau pagos, acabam caindo no sistema, que
é extremamente cruel. A valorização do Bom Clínico ressurge a partir da nossa
atuação direta com os pacientes. O mercado pede, o cliente exige e a boa
medicina agradece. Bem vindo de volta, meu Bom Clínico!
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