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terça-feira, 10 de julho de 2012

O Bom Clínico e a Super Especialização


A clínica médica vem retomando sua força dentro da medicina. A especialização é necessária e indispensável; porém, sua banalização tornou-se cara e insustentável para o sistema de saúde. O usuário possui vários médicos especialistas, mas segue sem “dono”. Passou a ter um plano de saúde e não um médico. Isso é muito arriscado e caro.

Na economia atual, onde se busca qualidade a um preço acessível, o Bom Clínico resurge como a melhor alternativa para a sustentabilidade do sistema, em qualquer nível, seja ambulatorial ou hospitalar.

Mas o que seria um Bom Clínico? Para mim, é aquele médico inquieto, medroso, avesso a rotina, estudioso, empático, ciente dos seus limites, resolutivo e com uma boa formação. No Brasil, as boas universidades, as residências credenciadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e as especializações reconhecidas pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica são as melhores opções na formação adequada do Bom Clínico.

Lembre-se de que o Bom Clínico consegue resolver de 70 a 80% dos problemas de saúde dos seus clientes. Lança mão do que é mais simples e eficaz na medicina moderna, apesar de toda a tecnologia disponível no século XXI: uma boa anamnese e um exame clínico minucioso. O Bom Clínico pode pedir poucos exames, mas bem solicitados e embasados no quadro clínico individualizado do paciente, ao invés de abusar de uma propedêutica extensa e sem significado, fundamentada na falsa proteção do médico e na “vontade” sem justificativa do cliente “bem informado”. Gostaria de enfatizar que existem excelentes Clínicos especialistas também e estes, não raro, são referências em suas áreas.

Concordo plenamente com o MEC sobre a obrigatoriedade da Clínica Médica como pré-requisito para qualquer especialidade clínica. Especialistas sem uma formação mínima de Clínica Médica certamente serão muito mais caros para o sistema e perigosos para os pacientes. É claro, existem exceções.

O profissional que possui uma visão global da situação e do sistema em que está inserido, atualmente, é o mais valorizado no mercado de trabalho, não só na medicina. O Bom Clínico tornou-se um excelente investimento para planos de saúde e hospitais. Felizmente, voltou a figurar como “sonho de consumo” dos usuários do sistema de saúde.

Na medicina preventiva, o Bom Clínico é o cerne do sistema. Resolve a maioria dos casos e encaminha com sensatez e maior precisão ao especialista. Economiza dinheiro utilizando atenção e cumplicidade com o seus clientes.

No âmbito hospitalar, o Bom Clínico aparece como peça indispensável no controle da qualidade do serviço e da segurança dos pacientes. Os mais avançados hospitais do mundo possuem equipes de Clínica Médica (Medicina Interna ou Hospitalistas) fortes e atuantes, sinal de eficiência com economia. A Clínica Médica é o lubrificante das engrenagens das instituições hospitalares, promovendo uma continuidade do cuidado e criando uma referência para o paciente e seus familiares. Centraliza as informações, facilitando o entendimento das condutas e evoluções pelos pacientes e familiares.

Analisando a situação sob as várias visões – do paciente, do médico, da enfermagem, dos familiares e dos gestores –, o Bom Clínico, indiscutivelmente, é a melhor alternativa. Assim como em todas as frentes – ambulatorial, urgência e internação.

Infelizmente, sabemos que esta não é a realidade da maioria dos Clínicos brasileiros. Sucateados e mau pagos, acabam caindo no sistema, que é extremamente cruel. A valorização do Bom Clínico ressurge a partir da nossa atuação direta com os pacientes. O mercado pede, o cliente exige e a boa medicina agradece. Bem vindo de volta, meu Bom Clínico! 

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