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terça-feira, 17 de julho de 2012

A Teoria do Dono


“Aqui tem Dono!” é uma expressão espetacular utilizada pela Ricardo Eletro. O fato de alguma coisa possuir Dono, intrinsicamente sugere que ela está sendo vigiada e bem cuidada. Ninguém deixa seus pertences largados a esmo. “O olho do Dono é que engorda o gado!”: outra expressão fortíssima e carregada de verdade também. “Quer algo bem feito? Pega e faz!”. Pois bem, isto é gestão: fazer as coisas acontecerem.

Na saúde, ainda estamos engatinhando e precisamos evoluir bastante. A maioria dos prestadores (entenda-se médicos) é avessa a gestão. Inocência, talvez, seja a palavra mais sutil para definir essa posição dos médicos. Costumo dizer que quem não sabe administrar será administrado, impreterivelmente. Infelizmente, a maioria das pessoas desconhece a essência das técnicas de gestão.

“Balance Scorecard”, “5W2H”, “SWOT”, “5 Forças”, “Matriz BCG”, “PDCA”, “Lean” e “6 Sigma” são algumas das técnicas utilizadas em gestão e que estão invadindo o setor de saúde. Independente da técnica utilizada, a essência é uma só: projetos precisam de Donos. Todas as técnicas se mostraram eficazes quando a equipe entende os seus propósitos. Quem é o responsável por fazer a equipe entender? O Dono, claro!

Projetos sem Donos são natimortos. Esquecidos, enfraquecem e morrem, mesmo quando a ideia mostra-se fantástica. As técnicas são excelentes para sistematizar os processos; porém, quem resolve os problemas são as pessoas. Não existe técnica perfeita, todas possuem suas limitações.

Vale lembrar que o Dono não toma as decisões sozinho, não faz tudo sozinho e não está, jamais, sozinho. O Dono moderno trabalha junto com sua equipe, escutando-a e catalisando condições para o melhor rendimento de cada membro. O verdadeiro Dono sabe que, em gestão, dividir é multiplicar.

Não defendo uma técnica específica, apesar de possuir minhas preferidas. Defendo atitudes diante do problema. O querer resolver o problema, seja do projeto, seja do cliente, é o combustível necessário para as técnicas funcionarem. O colaborador que quer resolver, resolve. Este precisa ser valorizado dentro das instituições. Mesmo não resolvendo o problema, apenas ajudar a resolver já é suficiente.

Um outro exemplo típico é o paciente sem Dono (médico). Insatisfeito com o sistema, esse paciente continua alimentando-o por falta de alternativa; visita inúmeros médicos, mas não possui nenhum que o assuma de verdade. Caro para o sistema, continua frequentando o pronto-socorro, peregrinando pelos Hospitais e realizando inúmeros exames desnecessários. As fontes pagadoras, felizmente, já começam a perceber que as medidas preventivas e o “Dono” podem ajudar a economizar bastante na conta do final do mês. Defendo a Teoria do Dono! 

Um comentário:

  1. Caríssimo colega. Em Medicina de Família e Comunidade chamamos isto de Coordenação do Cuidado, uma das características nucleares da Atenção Primária.

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