“Aqui tem
Dono!” é uma expressão espetacular utilizada pela Ricardo Eletro. O fato de
alguma coisa possuir Dono, intrinsicamente sugere que ela está sendo vigiada e bem
cuidada. Ninguém deixa seus pertences largados a esmo. “O olho do Dono é que
engorda o gado!”: outra expressão fortíssima e carregada de verdade também.
“Quer algo bem feito? Pega e faz!”. Pois bem, isto é gestão: fazer as coisas
acontecerem.
Na saúde,
ainda estamos engatinhando e precisamos evoluir bastante. A maioria dos
prestadores (entenda-se médicos) é avessa a gestão. Inocência, talvez, seja a
palavra mais sutil para definir essa posição dos médicos. Costumo dizer que
quem não sabe administrar será administrado, impreterivelmente. Infelizmente, a
maioria das pessoas desconhece a essência das técnicas de gestão.
“Balance
Scorecard”, “5W2H”, “SWOT”, “5 Forças”, “Matriz BCG”, “PDCA”, “Lean” e “6
Sigma” são algumas das técnicas utilizadas em gestão e que estão invadindo o
setor de saúde. Independente da técnica utilizada, a essência é uma só:
projetos precisam de Donos. Todas as técnicas se mostraram eficazes quando a
equipe entende os seus propósitos. Quem é o responsável por fazer a equipe
entender? O Dono, claro!
Projetos
sem Donos são natimortos. Esquecidos, enfraquecem e morrem, mesmo quando a ideia
mostra-se fantástica. As técnicas são excelentes para sistematizar os processos;
porém, quem resolve os problemas são as pessoas. Não existe técnica perfeita,
todas possuem suas limitações.
Vale
lembrar que o Dono não toma as decisões sozinho, não faz tudo sozinho e não
está, jamais, sozinho. O Dono moderno trabalha junto com sua equipe,
escutando-a e catalisando condições para o melhor rendimento de cada membro. O
verdadeiro Dono sabe que, em gestão, dividir é multiplicar.
Não
defendo uma técnica específica, apesar de possuir minhas preferidas. Defendo
atitudes diante do problema. O querer resolver o problema, seja do projeto,
seja do cliente, é o combustível necessário para as técnicas funcionarem. O colaborador
que quer resolver, resolve. Este precisa ser valorizado dentro das
instituições. Mesmo não resolvendo o problema, apenas ajudar a resolver já é
suficiente.
Um outro
exemplo típico é o paciente sem Dono (médico). Insatisfeito com o sistema, esse
paciente continua alimentando-o por falta de alternativa; visita inúmeros
médicos, mas não possui nenhum que o assuma de verdade. Caro para o sistema,
continua frequentando o pronto-socorro, peregrinando pelos Hospitais e
realizando inúmeros exames desnecessários. As fontes pagadoras, felizmente, já
começam a perceber que as medidas preventivas e o “Dono” podem ajudar a
economizar bastante na conta do final do mês. Defendo a Teoria do Dono!
Caríssimo colega. Em Medicina de Família e Comunidade chamamos isto de Coordenação do Cuidado, uma das características nucleares da Atenção Primária.
ResponderExcluir