Alerta: Exames em excesso podem ser prejudiciais a saúde!
A postagem de hoje é uma homenagem ao Dr. Bernard Lown, médico, inventor do desfibrilador cardíaco e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1985. Em 1996, ele publicou o livro “The Lost Art of Healing - Practicing Compassion in Medicine” que me inspirou neste texto.
A tecnologia está avançando muito na medicina moderna. Exames cada vez mais sensíveis e caros surgem a cada dia, porém, a sobrevida dos pacientes não está aumentando proporcionalmente aos custos gerados. A troca de um bom exame clínico por exames complementares é muito mais dispendiosa, arriscada e ineficaz. Infelizmente, a medicina guiada por exames já é uma realidade difícil de ser suplantada.
Exames excessivos desnecessários transformaram a medicina tradicional. A atenção ao paciente, essência da arte médica, não está ocupando o seu verdadeiro lugar. Os próprios pacientes estão exigindo exames. Esqueceram o que é atenção médica. Exame sem indicação precisa aumenta muito a chance de erro no diagnóstico. Achados casuais, encontrados em exames sem indicação precisa, são muito frequentes. O "overdiagnosis" ou superdiagnósticos estão cada vez mais frequentes e acabam gerando o "overtreatment" ou tratamentos desnecessários e potencialmente arriscados.
Os exames são complementares a uma boa avaliação clínica. Lembre-se que exame sozinho é igual a nada. Inúmeros pacientes passaram a exigir exames que leram na internet ou em alguma revista, a palavra do médico perdeu força. Os culpados? Nós médicos, claro!
Outro problema grave (como já disse na postagem sobre Check-up) é a acomodação com exames ditos normais. A falsa sensação de segurança oferecida pelo amontoado de exames complementares normais, tanto para o paciente quanto para o médico, é um risco igual ou maior ao gerado por exames alterados.
Vocês sabiam que 70% dos diagnósticos corretos em medicina vêm de uma anamnese (conversa entre o médico e o paciente) bem feita? Acrescidos do exame físico e de exames simples (hemograma, urina rotina e eletrocardiograma, por exemplo), estes diagnósticos chegam a 85%!!!! Apenas 5% dos diagnósticos são realizados com exames considerados modernos e caros, tais como ressonância magnética e tomografia computadorizada.
Não podemos seguir a medicina “americanizada” (cara, muito especializada, sem relação médico-paciente, falida e pouco resolutiva) baseada em muitos exames e pouca conversa. Os americanos são os que mais gastam com saúde e nem por isso têm a melhor expectativa de vida.
A sociedade precisa entender que uma consulta médica bem feita vale muito. Não só pela economia que ela gera mas pela sua eficiência também. A figura do bom clínico geral é indispensável. Nossos governantes e a população é que irão escolher qual medicina teremos no futuro: a "americanizada" ou uma medicina centrada no cliente com mais conversa, menos exames, mais racional e efetiva, com a figura do clínico geral gerenciando as avaliações especializadas realmente necessárias?
Esta postagem é para alertar a todos sobre o seguinte... O que fornece o diagnóstico correto em saúde é a história clínica, o exame físico e exames complementares simples. Valorize o médico que pode lhe oferecer isto, independente de plano de saúde. Quando precisar ir ao médico novamente, ao invés de exigir exames, exija atenção e tempo para uma boa história clínica. Sua saúde agradece!
Dr. Bernard Lown em 2007
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