A calvície é um tormento na vida de muitos homens e de algumas mulheres. Sinceramente, nunca me incomodou, pelo contrário, sempre me ajudou e vou explicar o motivo.
Sou careca desde os 24 anos. Saibam que não foi uma calvície progressiva, lenta e dolorosa, foi bem aguda, como tirar esparadrapo rápido. Aos 23 anos, tinha cabelo para dar e vender, mas um ano depois...
A calvície sempre me ajudou. Economia de shampoo, de tempo para me arrumar e de barbeiro (há vários anos, quem corta meu cabelo, ou o que sobrou dele, é minha esposa) são alguns exemplos do dia-a-dia. Desde então, passei a ser uma referência. Exemplificando melhor: “Ali, do lado daquele careca.”
Nunca vi nenhum careca pedindo esmola na rua. Quem conseguir identificar um, tire uma foto e me mande. Os pedintes são geralmente bem cabeludos. Os carecas são bem resolvidos e bem sucedidos. Não é a toa que a célebre frase da marchinha de carnaval de Roberto Roberti e Arlindo Marques Júnior ecoa até hoje: “É dos carecas que elas gostam mais...” As mulheres buscam é atitude e não um topete. Aparência atrai, mas não segura ninguém.
Na Medicina, sempre levei uma imensa vantagem sobre meus colegas “caras de neném”... a primeira impressão! Um médico careca impõe mais respeito, transmite mais experiência e segurança. Claro que a primeira impressão não é suficiente para sustentar uma relação médico-paciente-família, mas não posso negar que sempre fui beneficiado pela minha calvície nesse aspecto. Apenas as atitudes que se seguem irão alicerçar a confiança do paciente. Os “caras de neném” até conseguem atingir esse objetivo, mas precisam se esforçar bem mais. Vale ressaltar que nem todo calvo sabe aproveitar esse privilégio.
Não julgo os aficionados pela finasterida e afins, tenho vários amigos assim. Protelá-la, hoje, é mais que possível. Considero apenas que a calvície não deve ser encarada como o fim do mundo, apenas o início de um outro mais tranquilo, seguro e prático. Salve nós, os carecas!
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