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terça-feira, 6 de março de 2012

Jaleco Branco: O Fim da Polêmica

     Decisões tomadas sem o menor respaldo técnico ou científico estão cada vez mais comuns. A lei que proíbe o profissional de saúde de sair do ambiente hospitalar usando jaleco é o exemplo claro da total falta de preparo dos nossos representantes. Isso também não é exclusividade dos políticos e sim, da grande maioria dos nossos gestores, nas mais diversas áreas.

     A partir de um único dado, avaliado superficialmente, sem a opinião dos reais entendedores do assunto e sem um embasamento teórico mínimo, decisões são tomadas intempestivamente. Leis que ficam no papel e perdem a moral antes de chegar as ruas. Além do objetivo principal da decisão, muitas vezes desconhecido, o modo de monitorar parece ser esquecido. Analisaremos o caso do jaleco branco para acabar de vez com essa polêmica hipervalorizada pela mídia e, consequentemente, pela população.

     A lei que proíbe o uso do jaleco branco fora do ambiente hospitalar baseou-se em uma pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo que identificou a contaminação das vestimentas de 95% dos alunos (um expressivo n de 45).

    Analisando erroneamente esse resultado, de maneira superficial, tendenciosa e sensacionalista, chega-se a conclusão que é um absurdo utilizar jaleco fora do hospital. Logo, “vamos criar uma lei proibindo!”. Inocentes? Ignorantes? A toas?

      Lendo com um pouquinho de atenção, associada ao mínimo conhecimento de infectologia, conclui-se que esse resultado não pode e nem deve ser analisado dessa forma.

    Segundo o próprio estudo, mangas e bolsos foram os locais mais contaminados... BINGO! O problema não está na roupa, está nas mãos! Óbvio ululante! O que mais contamina os jalecos são as mãos dos profissionais de saúde. Mania nacional de tentar resolver o problema sem conhecê-lo. Todos sabemos que o maior causador das infecções é a má higienização das mãos. Aí sim, você começa a enxergar o verdadeiro culpado do problema. Ao invés de multar, basta educar!

     Outra discussão que deve ser levantada é a utilização da roupa branca. A tradicional vestimenta do médico estaria com seus dias contados? O branco sempre foi sinônimo de limpeza e higiene, já que evidencia qualquer sinal de sujeira. Como sou das antigas, só gosto de roupa branca e detesto jaleco, não pela contaminação, mas pelo calor. Terei que readequar meu guarda-roupa.

     Caso a população já tenha criado um asco com o jaleco branco, dificilmente iremos conseguir provar o contrário, afinal de contas, criar lendas é muito mais simples que explicar os fatos sensatamente. Infelizmente, decisões importantes ainda são tomadas sem informação confiável e embasada cientificamente. Entendi, então vamos multar quem não lavar as mãos antes e depois de manter contato com pacientes! Mais apropriado, mas inefetivo. O caminho? Exija que o profissional que irá examiná-lo, ou fazer qualquer procedimento, higienize as mãos ou utilize luvas, antes de encostar em você. É isso, menos leis e mais iniciativas!

2 comentários:

  1. Veja bem Breno, entendi suas colocações mas gostaria de colocar alguns pensamentos meus:
    Não entendo a necessidade de os profissionais saírem às ruas usando o jaleco. Penso que deveriam permanecer dentro dos locais de trabalho dos profissionais. Penso também que o maior problema de contaminação é quando os profissionais servem comida em restaurantes a quilo com jalecos de manga comprida (vestimenta absurda do ponto de vista de contaminação mesmo em hospitais). Sempre as mangas poderão encostar nos alimentos (eu já presenciei isso). Aumenta-se assim o risco de contaminação (e não precisa de pesquisa para afirmar isso).
    Agora concordo plenamente que é desnecessária a criação de uma lei para isso. Educação seria melhor...
    Ahh, sou médico também, OK?
    Um abraço.
    Gustavo

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  2. Ótima argumentação. Muito esta falando-se dessas leis e regras que andam sendo impostas para atos tão simples. Usar um jaleco ou lavar as mãos, manter a higiene é uma obrigação de todo profissional e muito mais efetivo alertar a população de desvios e que a mesma exija do profissional. Mais educação e menos leis insanas.

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