Quem sou eu

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Quero ser o seu Médico




Quero ser o seu Médico
Médico de verdade
Disponível, interessado em ajudá-lo
Sem pressa, escuto e conforto você
Equilibro tecnologia com atenção


Quero ser o seu Médico
Remédios? Prescrevo o necessário
Prescrevo atitude, livros e descanso
Prescrevo freios para a sua acelerada vida
Prescrevo família e amigos


Quero ser o seu Médico
Ofereço ouvido na sua angústia
Ofereço disponibilidade e tempo na sua pressa
Ofereço resposta para sua dúvida
Ofereço simplicidade na minha fala

Quero ser o seu Médico
De uma boa conversa retiro diagnósticos e até sofrimento
Respeito a morte mas enfeito o caminho da vida
No final dela, corto restrições
Prescrevo o que te faz bem


Quero ser o seu Médico
Cuido de você, cuido de mim
Entendo seu cansaço, aprendi a descansar
Compreendo sua pressa, já desacelerei
Admiro sua família, amo a minha


Quero ser o seu Médico
Atenção sem pressa
Atenção sincera
Atenção bem-humorada
Atenção Médica

Por Breno Figueiredo Gomes

Este mês a Atentia - Atenção Médica (www.atentia.com.br) cresceu e acrescentou mais um grande profissional à sua equipe.

Trata-se do Dr. Eduardo Jardel Portela, neurologista clínico e epileptologista, coordenador da Clínica de Epilepsia do Hospital das Clínicas da UFMG e médico assistente do Núcleo Avançado de Tratamento das Epilepsias (NATE) do Hospital Felício Rocho.

Agora, a Atentia conta com os serviços de Cardiologia, Clínica Médica, Endocrinologia, Gastroenterologia, Nefrologia, Neurologia, Nutrição e Psicologia. 

Agende sua consulta e conheça nossa filosofia de trabalho!






terça-feira, 20 de setembro de 2011

Severino, o Faxineiro

            Era uma vez, Severino. Nascido e criado em uma comunidade pobre nas redondezas de Belo Horizonte, Minas Gerais, desde menino ele guardou consigo algumas palavras de um professor do colégio: “Quando lhe pedirem para fazer alguma coisa, faça da melhor maneira possível.
         O menino terminou o colégio em uma escola pública e não teve a mínima chance de entrar para a faculdade. A família não tinha condições de bancar uma faculdade particular. Não lhe restaram muitas alternativas, de imediato, começou a trabalhar e continuou estudando.
        O primeiro emprego foi de faxineiro em um restaurante chique na zona sul de Belo Horizonte. Foi o que apareceu e Severino jamais reclamou ou desdenhou do serviço. Ali, sozinho,  limpando banheiros, começou a mudar sua história. Limpava os banheiros do restaurante como se fosse uma sala em dia de visita importante. Recebia a todos com um sorriso no rosto e sempre ajudava os colegas no serviço. Por fim, tornou-se o melhor faxineiro de banheiro possível. Em pouco tempo, o gerente começou a receber elogios do humilde faxineiro dos banheiros.  
          Severino continuava mantendo os banheiros impecáveis e durante o dia fazia cursinho para tentar o vestibular novamente. Sempre solícito com os frequentadores do restaurante, fez-se notar pelo dono do estabelecimento. Tamanha a entrega ao serviço, o bom-humor e a disponibilidade, chamou atenção com aquilo que parecia impossível. 
       Não demorou muito, assumiu todo o serviço de limpeza do restaurante. Passou a coordenar o serviço de mais duas funcionárias. Mantinha a humildade e dava o exemplo para suas subordinadas. Jamais se acomodou. Severino sempre soube que aquele emprego seria temporário e precisava crescer. Descobriu alguns produtos de limpeza mais eficientes e baratos passando a negociá-los diretamente com os fornecedores sob a vigilância atenta do dono do restaurante. Em um ano passou a coordenar a área de limpeza de mais quatro restaurantes da rede. Sua equipe já contava com 14 funcionários. Sempre manteve em mente as orientações do velho professor: “Faça bem feito”.
        Ao final de 18 meses, conseguiu passar no vestibular de uma universidade pública conceituada. Havia criado gosto pelo seu serviço, ganhava bem mais do que podia imaginar e já tinha até condições de bancar uma faculdade particular. Sua trajetória de sucesso estava traçada. 
        Conto esta história, absolutamente possível, para comentar alguns pontos cruciais na carreira profissional de qualquer pessoa.
  • No início será necessário fazer coisas que não te dão prazer e nem dinheiro - encare tudo como aprendizado, como uma etapa. Mesmo assim, faça bem feito.
  • Sempre haverá superiores incompetentes - aprenda como não se fazer.
  • Entregue-se - afinal de contas, é apenas uma etapa, dê o seu melhor o tempo todo.
  • Cultive o bom-humor - essencial para o bom ambiente de trabalho, acelera o tempo desta etapa.
  • Ajude seus colegas - precisando, eles lhe ajudarão.
  • Compartilhe conhecimento - potencialize sua equipe.
  • Não se acomode nunca - seja o melhor possível. O reconhecimento pelo serviço prestado é um excelente combustível para o crescimento profissional. 
          Resumindo, se for para “limpar privadas” (apenas exemplificando e não menosprezando este serviço essencial), limpe da melhor forma possível. Exercer suas atividades com excelência, principalmente as temporárias, é a melhor forma de chamar a atenção daqueles que realmente irão “abrir as portas” certas para você. 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Aproveita Hoje...

       Quem nunca escutou estes conselhos vindos de um médico?
  • Você precisa emagrecer ou
  • Você precisa parar de fumar ou
  • Você precisa parar de beber tanto assim ou
  • Você precisa reduzir sua carga de estresse ou
  • Você precisa fazer uma atividade física.
Estas sugestões são a regra em quase todas as consultas médicas. Não são os segredos da vida eterna mas, com total certeza, são muito importantes. Não  aconselhamos vocês à toa. Repetimos por convicção e não por falta de imaginação. O quadro do Fantástico, "Medida Certa", com Zeca Camargo e Renata Ceribelli, mostrou com clareza e extrema felicidade a função das atividades físicas e de uma boa alimentação nas nossas vidas. Quem não assistiu, recomendo. 
  Apesar de conhecermos os benefícios da mudança, para melhor, no estilo de vida, na prática, a dificuldade de promovê-la é muito mais complexa. Mudar estilo de vida é muito mais difícil que tratar várias doenças graves. O silêncio das agressões e o poder de assimilação do nosso organismo mascaram o declínio da saúde. O nosso maior desafio é convencer uma pessoa que não sente nada a mudar seu estilo de vida ou começar a tomar remédios diariamente. A hipertensão arterial (pressão alta) e o diabetes, nas fases iniciais, são exemplos claros disso.
Saibam que o nosso organismo tem prazo de validade, uns mais e outros menos. O fígado machuca-se com o álcool mas tem uma capacidade impressionante de regeneração. O pulmão machuca-se com o cigarro mas tem um poder de assimilação enorme. As nossas artérias toleram, durante muito tempo, os venenos silenciosos: cigarro, colesterol alto, pressão alta e diabetes. As medidas aconselhadas acima simplesmente poupam nossos órgãos e aumentam este prazo de validade. Em caso de alguma intercorrência de saúde ou de um acidente, o organismo saudável tolera melhor e tem um poder de recuperação muito mais rápido. 
  Infelizmente, a maioria das pessoas esperam "o leite derramar" para tomarem atitudes reais. Passam uma vida inteira "abusando" do organismo que uma hora cobra a conta. Lembre-se que após as lesões de órgãos alvos, tais como o rim, o cérebro, o pulmão e o fígado, a recuperação torna-se bem mais difícil e às vezes irreversível. 
  Nos nossos consultórios e nas rodas de amigos, os argumentos a seguir são muito utilizados para justificar os excessos:
  • Prefiro viver menos mas viver bem - Desde quando aproveitar a vida resume-se em ingerir bebidas alcoólicas, fumar ou comer em excesso?
  • Sempre fez atividade física, tem uma boa alimentação e infartou - Como disse anteriormente, uma evolução satisfatória é muito mais comum nos pacientes que praticam atividades físicas e que não são obesos. As mudanças no estilo de vida, muitas vezes, não impedem o dano mas o miniminizam.
  • Fumou, comeu gordura, sempre foi sedentário e fez 100 anos - As chances de se chegar aos 100 anos desta forma são menores. Com certeza, teríamos muito mais idosos centenários caso tivéssemos um estilo de vida melhor.

Algumas Dicas de Saúde:
  • Caso não goste de atividade física, encare-a como um remédio. Remédio não é bom mas é necessário. A melhora da auto-estima, da saúde, do peso, da pressão, do hábito intestinal, da glicose e do sono são alguns dos efeitos colaterais.
  • Fumar é suicídio gradual. Não seja egoísta, tem muita gente que gosta de você. Lembre-se dos seus filhos e dos seus pais. Não consegue? Peça ajuda.
  • Estresse excessivo é tão perigoso quanto o fumo, o álcool ou a obesidade. Reveja seus conceitos e reais objetivos de vida. Não tenha medo de mudar.
  • Participe da criação dos seus filhos. Veja-os crescer. Você nunca irá se arrepender. Trabalhe menos, ganhe menos e gaste menos.
  • Crie caso (filosofia do grande amigo Guilherme Birchal Collares que compartilho). Dez anos trabalhando geram menos casos para se contar que dez dias de férias com os amigos ou familiares. Invista em viagens e em amigos.
  • Tenha um médico de sua confiança como referência. Quem tem um médico tem um, quem tem dois tem meio e quem tem mais de três não tem nenhum.
  • Viva o paradoxo da canção de Nei Lopes e Éfson, eternizada na voz de Beth Carvalho, Firme e Forte: “Aproveita hoje porque a vida é uma só! O amanhã quem sabe se é melhor ou se é pior?” Saiba que o amanhã geralmente chega com as consequências de suas atitudes hoje. Faça-o ser melhor!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sr.Olímpio e a Cerveja

    Após o susto da última postagem (Papai Ganhou na Loteria), gostaria de agradecer as manifestações de carinho e dizer que ele está ótimo. Hoje, para relaxar um pouco, contarei um caso, dentre vários que aconteceram comigo dentro do hospital.

Em 2003, havia acabado minha especialização em Clínica Médica no Hospital Felício Rocho e para minha alegria fui convidado a permanecer na equipe de Medicina Interna. Um dos primeiros pacientes que acompanhei, já como preceptor, me marcou bastante. Não pela complexidade do caso e sim, por um episódio ocorrido durante uma de suas internações.

Sr. Olímpio (nome fictício) tinha 71 anos e era portador de neoplasia de próstata avançada já com metástases disseminadas e tratamento oncológico esgotado. A equipe da urologia havia solicitado a interconsulta para avaliação de um sangramento importante. Chegamos ao quarto e encontramos um senhor muito emagrecido e abatido devido ao tratamento a que vinha sendo submetido. Os olhos verdes eram marcantes em meio à uma palidez importante. A sonda urinária estava cheia de sangue. A filha encontrava-se desesperada com o quadro delicado de seu pai. Após várias transfusões de sangue e correções da coagulação o sangramento finalmente parou. Durante esta internação ocorreu o fato peculiar que conto a seguir.

       Sexta-feira à tarde, estávamos, eu e meus residentes, na nossa segunda visita diária aos pacientes internados (nossa equipe passa, impreterivelmente, duas vezes, no mínimo em cada cliente). No início das visitas passamos no quarto do Sr.Olímpio. Encontrei-o tomando um suco de uva, seu estado geral era muito grave. Todos já aguardavam o seu falecimento. Bastante desnutrido, fraco e inapetente, a única coisa que ele ainda conseguia ingerir era o suco de uva. A doença estava avançando e não tínhamos mais nenhum tratamento específico a ser feito. Sr.Olímpio era um paciente terminal e o suporte paliativo era o que podíamos oferecer. Conforto, atenção e a tentativa de minimizar qualquer tipo de sofrimento. Pode parecer esquisito, mas este tipo de atendimento pode trazer uma satisfação muito intensa para o médico. A cura já não é o objetivo. Eu, particulamente, gosto muito de ajudar, de alguma forma, estes clientes. Uma das minhas armas prediletas é o bom humor. Geralmente tento descontrair um pouco o ambiente e buscar um sorriso dos meus pacientes. No caso do Sr.Olímpio, não era diferente, e ao vê-lo tomando o suco  de uva, perguntei despretensiosamente: 

   - Sr.Olímpio, você sabia que é proibido ingerir bebida alcóolica aqui no Hospital?

  - Ô Dr.Breno, quem me dera... Tô com saudade mesmo é de tomar uma cervejinha gelada - balbuciou bem baixinho.

  - Pois bem, quando eu terminar de visitar todos os pacientes, trago uma cervejinha para tomarmos juntos. Afinal de contas, hoje é sexta-feira né?

        Sr.Olímpio me olhou meio desconfiado, se despediu e acho que jamais imaginou que eu estava realmente falando sério.

  Após o término da nossa visita, expediente finalizado, fomos à um buteco em frente ao hospital buscar a cervejinha do Sr.Olímpio. Comprei duas, estupidamente geladas. Cerveja tem que ser bebida em copo de vidro e o hospital não disponibilizava, logo, pedi ao dono do buteco cinco copos emprestados.

 - Já liberei as garrafas. Infelizmente não posso emprestar os copos - disse ele intransigente.

  - Deixa eu lhe explicar a situação. Eu sou médico aqui do hospital e estou com um paciente terminal internado lá. Ele está morrendo, literalmente, de vontade de tomar uma cerveja. Você vai ter coragem de negar este pedido? Me empresta os copos que te devolvo daqui a pouco.

  - Ô Dr., porque você não falou antes, claro que te empresto - disse todo solícito e antes de sairmos do buteco ainda perguntou - Você não quer ser o meu médico não?

        Escondemos as garrafas e os copos na pasta do meu residente para evitarmos confusão e voltamos ao quarto do Sr. Olímpio. Chegamos e fomos recebidos pela sua filha. Ele parecia não acreditar quando retirei as duas garrafas que ficaram "mofadas" de tão geladas. Colocamos a mesinha na sua frente e o momento que se seguiu me faz arrepiar toda vez que conto este caso. Servi o Sr.Olímpio, sua filha, meus dois residentes e a mim. Todos ficamos aguardando a sua reação, afinal de contas, um pouco de suco de uva era tudo que ele conseguia beber até então. Brindamos e lentamente ele deu uma golada enorme com os olhos verdes fechados. Ao abri-los, fez um aaaaahhhhh..., olhou-me nos olhos e disse um muito obrigado que  jamais esqueci. Ao meu lado, sua filha chorava ao ver o seu velho pai tão satisfeito e feliz. Aquele momento foi muito bacana, por alguns minutos estávamos em uma mesa de bar, sem preocupações. Não afirmo que foi a cerveja mas em poucos dias o Sr.Olímpio ganhou condições de alta e faleceu apenas seis meses depois.

Esta pequena atitude me marcou muito e com certeza amenizou um pouco o sofrimento do Sr. Olímpio e da sua filha. Proporcionar um momento de alegria em meio ao desespero foi muito gratificante. A certeza do dever cumprido é o que move o médico. A medicina paliativa resume-se em oferecer qualidade de vida aos pacientes mesmo quando a medicina curativa já esgotou seus recursos. Uma completa a outra e devem trabalhar sempre juntas.  Medicina paliativa não é exclusividade de paciente terminal e envolve todas as atitudes que promovam conforto e satisfação aos nossos pacientes, de um analgésico bem indicado à um simples copo de cerveja.