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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Acreditação e Copa do Mundo


Ao assistir os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e participar ativamente do processo de acreditação hospitalar, me deparei com semelhanças, no mínimo, pitorescas. Os “arranjos” para transparecer uma realidade ainda longínqua são idênticos.

A aproximação do evento (Copa ou auditoria) mobiliza todo mundo. Novas obras, novos projetos, novos indicadores, novos protocolos e a velha ilusão da qualidade “de papel”. Números que não conseguem expressar a real qualidade percebida pelo cliente. Indicadores que não indicam nada, vazios e inúteis até para quem os colhe. Unicamente, “para inglês ver”.

A acreditação e a Copa do Mundo são consequências naturais de uma gestão bem realizada ao longo do tempo. Elas não podem e nem devem ser tratadas como objetivos. A acreditação é uma ferramenta de aprimoramento da gestão nas instituições hospitalares. A Copa do Mundo é um evento de turismo e captação de negócios.

Julho de 2014 será como uma semana de auditoria nos hospitais. Nas ruas, policiamento adequado, limpeza impecável, ausência de mendigos e pedintes, trânsito organizado e uma cidade como deveria ser. Uma pena a Copa durar apenas um mês.

Nos hospitais, inúmeros enfermeiros, corredores limpos e pintados, quartos impecáveis, pronto-socorro vazio, indicadores na ponta da língua, funcionários solícitos e tudo como manda o figurino. Uma pena a auditoria durar apenas uma semana.

Óbvio que é inegável a evolução e as melhorias desenvolvidas pelo processo de acreditação e pela Copa do Mundo, mas elas deviam ser permanentes e não com data e hora para terminar.

O problema da Copa, assim como nos hospitais, é que a mentalidade está equivocada. Expandir aeroportos, melhorar o transporte público, otimizar a segurança para a população são deveres independentes de grandes eventos. Deveriam ser planejados e executados com menos burocracia e sem corrupção.

Nos hospitais, a atenção aos clientes, a qualidade do serviço e a segurança são requisitos básicos do dia a dia. Os selos de qualidade precisam ser transformados em práticas diárias e cotidianas. A qualidade precisa ser tatuada na alma da instituição. As melhorias precisam ser encaradas como estratégias de negócio e não como meras necessidades de um processo de acreditação.

A função do gestor é promover esta tatuagem de qualidade na sua equipe. Respirar qualidade e inovação como combustíveis para o crescimento. Acreditações e Copas são consequências, jamais objetivos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Hemoptise do Atleta


No último dia 09 de dezembro de 2012 ocorreu aqui em Belo Horizonte a 14a edição da Volta Internacional da Pampulha. Esta prova é o meu xodó. Participei das últimas doze! Neste ano, após um treinamento contínuo e bem mais profissional do que nos anos anteriores, consegui a minha melhor marca. Completei a prova com uma cadência de 4’25’’/Km ou 14Km/h!

Muitos me perguntaram como consegui correr com um tempo tão bacana. A resposta? Disciplina, força de vontade e orientação profissional. No início do ano passado, conversei com o meu preparador físico e coloquei a minha meta: completar a Volta da Pampulha em menos de uma hora e vinte minutos. Durante todo o ano, segui as planilhas corretamente e o resultado chegou. Não existe milagre, existe dedicação e suor. Não completei a prova com menos de uma hora e vinte porque o percurso aumentou. No percurso anterior, completaria em 01:18:55! Objetivo alcançado!

Neste ano, participei de uma iniciativa muito bacana idealizada pelo Dr. Rodrigo Lamounier: a Volta Monitorada. O projeto contou com a presença de aproximadamente 40 atletas diabéticos e 10 atletas não diabéticos. Participei do grupo controle. Todos tiveram suas glicemias monitoradas de cinco em cinco minutos durante todo o percurso. Como? Coloca-se um sensor no subcutâneo do braço ou da barriga e, através de um monitor, registra-se todas as glicemias. No sábado, antes da corrida, foram realizadas palestras com atletas de alta performance portadores de diabetes. Motivação total! O projeto é realmente sensacional! Mais informações no site www.voltamonitorada.com.br

A fixação do sensor no meu braço antes da prova.

Durante a prova, aconteceu um caso bem peculiar e engraçado. Ao participar da Volta Monitorada, no nono quilômetro, eu deveria colher uma glicemia capilar. Precisaria parar, furar o dedo, colher o sangue e continuar correndo. Fiquei um pouco preocupado em perder o ritmo, mas relevei em prol da ciência!

Chegando no quilômetro 9, lá estava a tenda do projeto. Alguns metros antes, recebi uma pequena toalha para secar a mão antes de receber a lancetada no dedo. Nada de mais, porém, para não correr o risco do sangue não ser suficiente, a lancetada era meio bruta. Chupei meu dedo furado e continuei a corrida. Após alguns metros, olhei para minha mão, que estava toda suja de sangue. Limpei-a com a toalhinha que havia recebido e voltei a chupar o dedo ferido pela ciência. Logo depois, estanquei o sangramento com a toalha e continuei a corrida normalmente. Uns dois quilômetros depois, o fato fatídico... Normalmente, cuspimos durante o percurso e ao fazê-lo, me deparei com uma pelota enorme de sangue! “Pelo amor de Deus! Estou tendo uma hemoptise!”- pensei aflito nos possíveis diagnósticos – “Nestes doze anos isso nunca aconteceu! Estou morrendo!”. Foram os três segundos mais demorados da minha vida. Simplesmente havia ignorado que chupara meu dedo ensanguentado e comecei a “viajar”. Após processar a informação correta, comecei a rir sozinho e pensei: “Pelo menos mais uma postagem do blog está garantida!”

Gostaria de desejar um Dois Mil e Galo cheio de saúde e tranquilidade para todo mundo! Agradeço também o Bebeto e a toda equipe Raja Runners pelo suporte. Lembrem-se que os efeitos benéficos das atividades físicas só ocorrem com a prática contínua.

O atleta da hemoptise, a toalhinha e sua 
tradicional homenagem a amada esposa Camila