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terça-feira, 1 de maio de 2012

Viajando no Hospital do Futuro


     Chego ao hospital para a corrida de leito (round, visita etc...). Sincronizado, meu tablet me mostra a lista dos pacientes que preciso visitar, inclusive as interconsultas e novas admissões. Eu e meus residentes, inclusive o plantão, possuimos a mesma lista sincronizada automaticamente após qualquer mudança.

     Chegando ao quarto do primeiro paciente preciso colocar as mãos no "limpa mãos", um dispositivo de limpeza profunda das mãos semelhantes a um lava-jato. Ao colocar as mãos dentro de uma pequena câmara, em 6 segundos elas estão absolutamente limpas. O acesso ao paciente só é possível após esta limpeza. Desde sua introdução, os índices de infecção caíram assustadoramente na instituição.

     Ao lado do leito, checo, na "Super Tela", um grande monitor, o nome, seus últimos dados vitais, sua prescrição e os últimos exames solicitados. Ao simples toque, checo a curva de dados vitais aferidos desde o início da internação. A definição de "gatilhos", na piora dos dados vitais, aciona automaticamente o time de resposta rápida do hospital. Qualquer um que afira os dados vitais coloca-os no prontuário. Após inúmeros treinamentos, as aferições de toda a equipe tornaram-se absolutamente confiáveis.

     A prescrição é mostrada de duas formas, a primeira, demonstra a prescrição completa, a segunda, mostra a próxima medicação a ser ministrada. A família ajuda e cobra da equipe de enfermagem a administração adequada das medicações, inclusive com dose e horário. O tempo de antibiótico é monitorado continuamente para suspensão, automática, na data adequada. Uma conexão entre o laboratório e a prescrição permite que, assim que o antibiograma é liberado, por exemplo, um alerta é liberado no quarto do paciente. O ajuste de antibióticos é praticamente imediato. Todas as medicações possuem a dose, o horário e o motivo pelo qual estão sendo administradas.

   Os exames ficam disponíveis automaticamente no quarto do paciente, desta forma, resultados alterados são percebidos pela família, pela enfermagem e pelo médico de maneira mais rápida. Métodos de imagem também ficam disponíveis na "Tela Médica". Além de promover uma monitoração mais rápida, estimulou bastante os esclarecimentos de dúvidas pelos médicos aos pacientes e familiares.

     Após conversar e examinar o paciente, checo os exames e a prescrição ainda dentro do quarto. Imediatamente libero a prescrição e oriento o paciente e os familiares quanto as mudanças efetuadas e os exames que serão realizados. Ao solicitar qualquer exame, assim que agendado, libera-se, na "Tela Médica", o horário e o preparo necessário.

     A administração das medicações também mudou bastante. Após a prescrição, a medicação é rotulada automaticamente na farmácia para aquele paciente específico. Todas as medicações são monitoradas por radiofrequência (RFID). Caso uma medicação não prescrita entre no quarto do paciente, alertas sonoros e na "Tela Médica", são emitidos automaticamente. Quando a medicação correta entra no quarto, seu nome, dose e horário ficam expostos na "Tela Médica", desta forma, o paciente e os familiares podem conferir também. O índice de administração errada de medicações zerou após esta medida.

     A participação ativa do paciente e dos seus familiares tornou-se uma ferramenta indispensável para a segurança do paciente dentro do hospital. A disponibilização dos exames para a enfermagem também ajudou muito como alerta de resultados perigosos. No início, foi muito difícil porque não conseguíamos atender as necessidades dos pacientes e familiares, apesar das inúmeras acreditações já obtidas. O pessoal da informática insistia que era muito difícil. Precisamos nos adequar e melhorar, de verdade, nossa assistência, para que conseguíssemos minimizar ao máximo os riscos de uma internação.

     Sei que estamos longe de chegar nesta situação mas devemos buscá-la. Tecnologia, já possuímos de sobra. Agora, precisamos de gestores que façam o futuro acontecer. Não tenho a intenção de prever nada mas dar alguns palpites pode ser interessante. Uma boa idéia, nas mãos de quem pode executar, torna-se realidade. 

Um comentário:

  1. O primeiro pragrafo não está muito distante. Até o fim do ano a Medicina Interna do Rocho terá a lista de pacientes compartilhada entre todas as equipes com todas alterações atualizadas em tempo real e disponivel em qualquer dispositivo como computadores, tablets ou celulares... Você vai ver!!!

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